Durante sessão deliberativa da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, nesta quarta-feira (21), senadores de oposição criticaram a estratégia do governo para identificar os segurados do INSS que foram lesados por descontos não autorizados em folha e indicaram necessidade de busca ativa das vítimas.
Desde a última semana, segundo comunicados oficiais, os beneficiários receberam uma notificação, por meio do aplicativo Meu INSS, informando que foi identificado desconto associativo no seu benefício, autorizado ou não.
E para indicar que não autorizou, o idoso deverá entrar no aplicativo Meu INSS, clicar no serviço “Consultar Descontos de Entidades Associativas”, onde deve aparecer o nome da entidade e, também, as opções para que você possa informar se autorizou de fato o débito.
Para os parlamentares, o procedimento pode ser simples para quem está acostumado com tecnologia, mas pode tornar-se um desafio para quem não nasceu na Era da Informação e está mais acostumado com o contato humano.
A presidente da CDH, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), por exemplo, demonstrou preocupação especial com idosos que vivem em regiões mais afastadas e que eventualmente não tenham qualquer apoio de alguém mais familiarizado com a tecnologia.
“Temos notícias de que 19 milhões foram prejudicados, mas até o momento somente 1 milhão notificou sobre o desconto irregular. E a minha preocupação é que daqui a pouco se estabeleça um prazo. E aí aquele analfabeto lá interior não entenda esse prazo”, protestou.
O senador Sérgio Moro (União-PR) lembrou que fez o mesmo alerta durante audiência pública com o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, na última semana, e ressaltou que a própria origem do golpe contra os idosos parte das dificuldades das pessoas nessa idade de lidarem com tecnologia.
Para o parlamentar a postura do governo até o momento é de transferir a responsabilidade pela identificação dos descontos indevidos para as vítimas, ao invés de procurar de fato quem foi prejudicado e garantir que a pessoa receba o dinheiro de volta.
“O segurado sequer sabia que o dinheiro estava sendo descontado. Ele não recebe mais um extrato em papel. Tem que entrar no aplicativo e verificar. Muita gente o faz. Mas outros segurados, pela própria vulnerabilidade, não conhece o procedimento ou tem dificuldade para fazê-lo”, protestou.
O senador indicou que pode apresentar projeto de lei para corrigir o procedimento, para que o governo tome a atitude de buscar o segurado.
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